Olá a todos!
Há algumas semanas atrás, comecei a acompanhar as postagens publicadas no Facebook e em outros locais na Internet com argumentos usados pelos internautas em favor ou contra um determinado candidato das eleições de 2014. Meu veredicto: lamentável.
Quem me conhece sabe que, ao menos desde alguns anos atrás, passei a me preocupar significativamente com a qualidade de argumentos usados em defesa de uma tese. Essa preocupação me levou a pesquisar os campos da filosofia da lógica e epistemologia e a aprender não apenas como argumentar melhor, como também como avaliar melhor os argumentos dos outros - o que não ocorreu sem passar pelo dolorido processo de ter que admitir que eu tinha falado muita besteira até então!
Minha preocupação com a importância de uma correta avaliação de argumentos me levou ao ponto de ter me proposto a pregar um sermão de quase 3 horas sobre erros de natureza lógica em raciocínios (as assim chamadas "falácias lógicas") na igreja cristã na qual congrego, dando o devido foco à ocorrência desses erros no contexto do Cristianismo. Uma vez usando o conhecimento das falácias, passa a ser mais fácil perceber o surpreendente número de vezes em que erros de raciocínio são usados tanto na crítica à fé cristã como dentro da própria, com destaque para a leitura bíblica - citações fora do contexto, cherry picking, equívoco entre outras aparecem constantemente em pregações e textos cristãos disponibilizados ao público.
Mas não é só na religião ou na filosofia da religião em que falácias "encontram um ninho": a política é um ambiente fértil para as mais bizarras argumentações em prol ou contrárias a um candidato ou visão política. Só que, nessas eleições, o interessante para mim foi perceber que, enquanto era de se esperar exemplos de raciocínios problemáticos em todos os lados das eleições brasileiras de 2014, os defensores da candidata Dilma Rousseff parecem possuir um apreço mais desenvolvido por fazerem péssimos argumentos em favor da sua candidata - ou contra os demais candidatos.
Exemplo de tabela comparativa (pró Aécio) onde casos de cherry picking são muito comuns |
A repetição constante dos mesmos erros de argumentação (não só lógicos, mas científicos) me levaram a pensar em escrever um artigo aqui no blog comentando sobre os erros mencionados, mas optei por cancelar a ideia quando, para minha felicidade, descobri que outra pessoa já havia notado praticamente os mesmos problemas e publicado uma reportagem à respeito numa coluna no jornal Folha de São Paulo. Trata-se do físico e economista Samuel Pessôa em sua postagem intitulada "Bruna Marquezine e a retórica petista".
Para conferir a postagem, clique aqui.
Em resumo, os erros de argumentação e avaliação dos pró-Dilma não se limitam a erros básicos de conhecimento científico (por exemplo, análise errônea de dados estatísticos ou avaliação de uma única variável num grupo de variáveis relacionadas¹), mas também casos de falácias lógicas (creio que cherry picking e defesa de espantalhos estejam sendo as campeãs).
A pergunta que eu faço para os defensores da candidata:
se é "tão verdade" que ela é a melhor opção para essas eleições, por que usar argumentos tão ruins para defendê-la?
Que o Senhor seja com vocês,
Momergil
¹: no caso, é necessário que a variável em estudo seja isolada das demais ou, então, que a influência daquelas seja conhecida para que, após a averiguação da variável sob estudo, seja feito o "desconto" da influência daquelas outras variáveis.
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