Ao lado do sistema de cotas universitárias e do Bolsa Família, com certeza o programa Mais Médicos do atual governo foi algo que "deu o que falar". Defendido como a solução encontrada pelo poder federal para melhorar o atendimento médico a cidades com carência dos profissionais da área, atingindo principalmente as comunidades mais carentes, o programa foi duramente criticado pelos médicos brasileiros e o seu conselho, CRM, sob vários argumentos. Literatura na Internet tratando do tema é o que não falta.
Entre as características do programa, todavia, uma das que mais chamaram a atenção foi a presença de médicos cubanos. Não que essa medida fosse algo novo: de acordo com a mídia pró-governo, defensores do programa e outros, o Brasil já fez uso (ou ao menos correu atrás) do serviço cubano durante o governo FHC, embora teria sido de uma maneira significativamente mais diminuta.
Quanto à contratação atual, entre as várias críticas desferidas uma das principais direcionava-se à maneira como os profissionais da ilha caribenha seriam contratados: com salários muito inferiores aos dos demais, sem grandes garantidas de bom ambiente de trabalho e em condições análogas à da escravidão.
Charge referindo-se às condições de trabalho dos médicos cubanos (fonte) |
Essa crítica geralmente acusava de injustiça não apenas que os médicos cubanos ganhassem menos do que os dos demais países participantes do programa (ref), como também que estes estavam a perder boa parte do seu salário para o governo dos Castro, tornado a participação destes profissionais quase que uma maneira de mandar dinheiro brasileiro para a ilha "amiguinha do governo".
Se o uso dos Mais Médicos como medida para enviar dinheiro para a ilha era antes apenas uma suspeita, parece que agora temos bases para dizer que é fato: uma reportagem recentemente publicada na Veja mencionou a existência de uma gravação que fortemente evidenciaria que esse era precisamente a razão da criação do peculiar contrato com o governo cubano - ou no mínimo uma das motivações para tal.
Para ver a reportagem na íntegra, clique aqui.
Se isso se confirmar um fato, creio que aqueles que eram defensores dessa parte do programa até então deveriam parar para revisar o seu apoio ao mesmo. Afinal de contas, será que seria correto que o governo brasileiro utiliza-se de uma máscara perante o seu povo para mandar dinheiro para um governo ideologicamente amigo - uma medida que teria grandes chances de ser rejeitada se tivesse sido deixada explícita? Creio ser difícil desalinhar tal atitude de palavras como "safadeza" e "desonestidade", coisas com as quais ao menos um cristão não deveria consentir.
Isso, é claro, não significa que deveríamos abandonar o apoio ao Mais Médicos, mas tão somente exigir a devida modificação no contrato com Cuba eliminando esse ponto negro no programa.
Que o Senhor seja com vocês,
Momergil
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