quarta-feira, 1 de abril de 2015

Mais Médicos: Não necessariamente apenas uma "boa ação" do governo

Olá a todos!


Ao lado do sistema de cotas universitárias e do Bolsa Família, com certeza o programa Mais Médicos do atual governo foi algo que "deu o que falar". Defendido como a solução encontrada pelo poder federal para melhorar o atendimento médico a cidades com carência dos profissionais da área, atingindo principalmente as comunidades mais carentes, o programa foi duramente criticado pelos médicos brasileiros e o seu conselho, CRM, sob vários argumentos. Literatura na Internet tratando do tema é o que não falta.

Entre as características do programa, todavia, uma das que mais chamaram a atenção foi a presença de médicos cubanos. Não que essa medida fosse algo novo: de acordo com a mídia pró-governo, defensores do programa e outros, o Brasil já fez uso (ou ao menos correu atrás) do serviço cubano durante o governo FHC, embora teria sido de uma maneira significativamente mais diminuta. 

Quanto à contratação atual, entre as várias críticas desferidas uma das principais direcionava-se à maneira como os profissionais da ilha caribenha seriam contratados: com salários muito inferiores aos dos demais, sem grandes garantidas de bom ambiente de trabalho e em condições análogas à da escravidão.

Charge referindo-se às condições de trabalho dos médicos cubanos (fonte)

Essa crítica geralmente acusava de injustiça não apenas que os médicos cubanos ganhassem menos do que os dos demais países participantes do programa (ref), como também que estes estavam a perder boa parte do seu salário para o governo dos Castro, tornado a participação destes profissionais quase que uma maneira de mandar dinheiro brasileiro para a ilha "amiguinha do governo".

Se o uso dos Mais Médicos como medida para enviar dinheiro para a ilha era antes apenas uma suspeita, parece que agora temos bases para dizer que é fato: uma reportagem recentemente publicada na Veja mencionou a existência de uma gravação que fortemente evidenciaria que esse era precisamente a razão da criação do peculiar contrato com o governo cubano - ou no mínimo uma das motivações para tal. 

Para ver a reportagem na íntegra, clique aqui.

Se isso se confirmar um fato, creio que aqueles que eram defensores dessa parte do programa até então deveriam parar para revisar o seu apoio ao mesmo. Afinal de contas, será que seria correto que o governo brasileiro utiliza-se de uma máscara perante o seu povo para mandar dinheiro para um governo ideologicamente amigo - uma medida que teria grandes chances de ser rejeitada se tivesse sido deixada explícita? Creio ser difícil desalinhar tal atitude de palavras como "safadeza" e "desonestidade", coisas com as quais ao menos um cristão não deveria consentir.

Isso, é claro, não significa que deveríamos abandonar o apoio ao Mais Médicos, mas tão somente exigir a devida modificação no contrato com Cuba eliminando esse ponto negro no programa.


Que o Senhor seja com vocês, 

Momergil

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