domingo, 29 de janeiro de 2023

Semanal: 22 a 28 de janeiro de 2023

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Olá a todos!

Novamente a semana se passou e acabei ficando com pouco tempo restante para poder fazer uma boa publicação semanal, então farei poucos comentários sobre os materiais compartilhados. Mesmo que sendo mais simples, espero que essa postagem seja bênção em suas vidas!

Assuntos diversos



Este vídeo contém um recorte de um evento com o psicanalista canadense Jordan Peterson onde ele comenta sobre algumas estatísticas científicas envolvendo diferenças entre homens e mulheres.

Política, economia e relacionados

Bolsonarismo e governo Bolsonaro


Esse é mais um caso que desmente a tese bolsonarista de que os que fizeram as depredações nas sedes dos 3 poderes em Brasília em 8 de janeiro "eram todos infiltrados da esquerda".



Governo Lula



Tendo em vista que a economia Argentina está evidentemente mal, pode-se entender que ou Lula sabia disso e mentiu diante de sua audiência, ou ele possui severos problemas intelectuais para achar que os números do país vizinho são sinônimo de boa economia. Em ambos os casos, parece inevitável concluir que aqui se mostra mais uma evidência de que se trata de um sujeito inapto para o cargo.





Ao que parece, mais uma vez recursos nacionais que poderiam estar sendo aplicados em nossa nação estarão sendo gastos com os parceiros ideológicos do Partido dos Trabalhadores, evento que revela as prioridades desse partido.


Diante da visível incoerência entre o discurso pró-democracia e o tratamento dado às ditaduras latino-americanas, Lula e o governo petista revelam que ou discursam de fachada para nossa nação, ou são falsos amigos dos governantes locais (me parece mais provável que o primeiro é o caso).  


Embora mudanças linguísticas não sejam imorais ou criminais, antes fazendo parte do processo natural de uma língua, é de se esperar que agências oficiais respeitem a gramática e terminologia vigente deixando as mudanças nesses setores para o meio popular. Ademais, parece evidente que não é função de um governo eleito tentar impor mudanças na maneira de ler e falar de sua população.





Tendo em vista o que ocorreu com os pedidos de impedimento durante o recente governo Bolsonaro, é de se esperar que nada ocorra com o atual líder do Executivo, ao menos não enquanto Lira se encontra no comando da Casa.




Diante dessa evidente compra de votos, um "toma-lá-dá-cá" tão imoral quanto qualquer outro onde o atual presidente da Câmara faz uso de seus poderes para benefício político próprio, é bom lembrar que quem apoiou sua ida à atual posição e também foi seu cabo eleitoral nas eleições de 2022 foi o suposto candidato pela ética e contra corrupção Jair Bolsonaro.


Tenham um bom dia e até a próxima,

Momergil


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domingo, 22 de janeiro de 2023

Semanal: 15 a 21 de janeiro de 2023

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Olá a todos!

Infelizmente não terei tempo para para desenvolver melhor a publicação dessa semana. Assim, sem maiores comentários, segue a lista de matérias mais relevantes que conferi nesse último período.

Assuntos diversos



Política, economia e relacionados


Leitura gráfica do Ibovespa feita pelo meu professor Eduardo Leitão.

Bolsonarismo e o 8 de janeiro



Governo Lula


Mundo e geral


Ignorando o título sensacionalista (que normalmente sugere material de má qualidade), esta vídeo é um recorte de uma parte de um debate que ocorreu na Universidade de Oxford sobre o movimento "woke" presente em parte da esquerda moderna estadosunidense. Nele, Konstantin Kisin comenta sobre alguns dos problemas do movimento e sua relação com a presente preocupação com o aquecimento global/mudança climática.




Tenham um bom dia e até a próxima,

Momergil


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domingo, 15 de janeiro de 2023

Semanal: 08 a 14 de janeiro de 2023

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Olá a todos!

Dando continuidade à série "leituras da semana", esta postagem conterá algumas das coisas que vi e li entre 8 e 14 de janeiro deste ano que achei interessante compartilhar e porventura comentar.

Como todos já estão sabendo, este período foi dominado pela cobertura do infeliz evento que ocorreu em Brasília no último domingo quando um grupo de bolsonaristas (talvez "antipetistas" seria mais preciso) invadiu e depredou as sedes dos 3 poderes na capital do Brasil. Já outro destaque da política foi o começo da abertura dos sigilos do governo Bolsonaro. 

Segue, então, materiais sobre esses e outros eventos.

Assuntos diversos

Conheci por um vídeo aleatório do Instagram o site TinyWow que contém uma série de ferramentas para edição de PDF, imagens e afins que normalmente são usadas por meio de softwares. Fica minha recomendação para tê-lo salvo na barra de favoritos de seus navegadores.




Muito já foi dito nas redes sociais e veículos da mídia sobre todo o mal envolvido nos atos em Brasília no último dia 8 e eu concordo com boa parte do que foi dito. Aqui enfatizarei a notória estupidez por trás dessas atitudes. No caso, quando falo em "estupidez", faço uso do sentido técnico empregado pelo pesquisador italiano Carlos M. Cipolla em seu famoso artigo "As Leis Básicas da Estupidez Humana". Neste trabalho, um ato seria categorizado como "estúpido" na medida que ele for prejudicial não só a outras pessoas, mas também aos próprios executores. Ao meu ver, as depredações em Brasília são uma infeliz demonstração desse tipo de ação: quebrar tudo aquilo não foi apenas prejudicial aos "outros", i.e., à população brasileira que teve as sedes de seu Estado estragadas com possíveis custos financeiros a serem financiados com impostos, mas ruim para os próprios manifestantes que naturalmente não conseguiriam e não conseguiram um avanço de suas pautas antipetistas, antes pelo contrário: ainda estão a serem presos e socialmente menosprezados. É lamentável como algumas pessoas "se animam" para agir de alguma forma sem realmente considerar antes o que provavelmente irão conseguir com aquilo e se será mesmo benéfico. Em alguns casos, parece que o que ocorre é uma convicção precipitada de que agir daquela forma é "o certo" e, sem maiores reflexões, vão para a ação ignorando que as consequências são comumente um forte indicativo sobre o quão correta uma ação é (se olharmos para os ensinos morais de forma geral, como os mandamentos de amor da fé cristã, veremos que eles geralmente trazem consigo benefícios). Assim, mais do que atos imorais ou antidemocráticos, o que se viu no 8 de janeiro foi uma manifestação em escala da estupidez que o ser humano é capaz de mostrar.

Para mais um material interessante sobre esse assunto, sugiro o vídeo "Bonhoeffer‘s Theory of Stupidity".


Uma análise que mostra evidências de "whisful thinking" em meio aos politizados mais radicais: sem quaisquer reais evidências, acredita-se naquilo que se deseja acreditar, naquilo que convém, ao invés de naquilo que se deveria.
 


Os dois materiais acima são úteis para a refutação da tese "negacionista" de muitos bolsonaristas em dizer que os atos de 8 de janeiro foram perpetrados por "infiltrados da esquerda". Mais do que isso, também são úteis em desmistificar a lenda direitista de que ser seguidor do Bolsonaro (ou, mais genericamente, de direita) significa ser uma pessoa correta, que segue as leis, um "cidadão do bem".


Terem agido inspirados por crenças difundidas pelo ex-presidente Bolsonaro pode ser problemático para o mesmo sob a ótica de responsabilidade moral: no momento que uma pessoa difunde uma crença e esta acaba servindo de fundamentação para atos imorais, pode-se defender que haverá nexo de culpabilidade se os atos foram feitos em consonância com a crença difundida. Por exemplo: suponhamos que há duas pessoas, uma que prega que um determinado grupo é horrível e não deveria existir e outra que afirma exatamente o contrário. Duas outras pessoas ouvem cada qual o discurso de uma das duas primeiras e, acreditando no seu discurso, procedem em exterminar aquele grupo de forma genocida. Neste caso, podemos concluir que a pessoa que defendeu a inexistência daquele grupo possui responsabilidade pela prática genocida do seu seguidor enquanto que aquele que defendeu o seu bem não é culpado pela ação desconexa do seu mau seguidor. É dessa forma, por exemplo, que direitistas culpam a ideologia de esquerda e o marxismo em específico pelas atrocidades cometidas pelos regimes alinhados a essas ideias no século passado e no atual. Naturalmente há de se concluir que, se tal vinculação é válida para culpar Marx, também poderá ser válida para responsabilizar Bolsonaro.


Se houve falha da parte do governo federal na proteção aos 3 poderes, naturalmente é de se esperar punição. 


Bela obra com algumas observações pertinentes às ações dos cristãos brasileiros em sua relação com a direita e o bolsonarismo.


Durante a campanha de Bolsonaro para a reeleição em 2022, alguns direitistas tentaram creditar ao seu governo a diminuição no número de mortes no Brasil ignorando que já havia uma tendência de queda desde o governo Temer. Este pareceu ser mais um caso da falácia de "correlação não implica em causalidade" onde se observa que há duas variáveis correlacionadas e logo se conclui que uma é causa da outra. A notícia da reportagem acima antevê algo que poderá ocorrer na campanha presidencial em 2026 caso a inflação durante o governo Lula for menor que a de Bolsonaro: alguns irão creditá-la como mérito do governo petista ignorando que já estava em tendência de queda antes do seu início. 






As notícias anteriores sugerem que Bolsonaro fez uso do cartão corporativo para financiar eventos do seu interessante, que apoiassem politicamente o seu governo. Se isso procede, então temos o dinheiro público sendo usado não para o benefício da população, mas para o dos políticos em exercício. Se tal ato não é ilegal, no mínimo é moralmente questionável.


Neste vídeo, Johan Norberg comenta sobre prós e contras da democracia, este sistema político que está sob a mira dos debates, defesas e ataques no Brasil nestes últimos meses.



Não é novidade que o PT é deveras amigável com ditaduras de esquerda e tanto o seu passado como a notícia anterior estão aí para confirmar. A questão é quais conclusões devemos tirar desse tipo de relação. Uma possível é que o discurso pró-democracia desse partido não passa de uma fachada exposta diante de uma realidade onde o mesmo é incapaz de criar a sua própria ditadura por não contar com o apoio da maior parte da população e menos ainda das Forças Armadas, que são enviesadas à direita em nosso país. Diante disso, o discurso pró-democracia do Partido dos Trabalhadores presente ao lado de suas relações amigáveis e elogios a ditaduras de esquerda pode ser visto como semelhante ao sujeito que prega a fidelidade conjugal e virgindade pré-nupcial enquanto todo fim de semana é encontrado num prostíbulo elogiando seu dono pela qualidade do ambiente e serviços ali prestados.


Embora incompleto, os exemplos mencionados pelo artigo anterior são úteis para mostrar como uma economia de mercado permite que grupos marginalizados possam ascender economicamente mesmo sem contar com o apoio da maioria da população e dos governantes.


Uma das clássicas bandeiras da direita desde a metade do século passado é a guerra contra os entorpecentes. Tal luta é fundamentada tanto sobre o fato que tais produtos são prejudiciais à saúde quanto sobre o desejo de ver uma sociedade mais saudável, livre do consumo das drogas. O problema é que, embora as intenções dos conservadores sejam louváveis, seu amparo à guerra às drogas é fundamentado sobre uma premissa cientificamente falsa: a de que tal guerra seria efetiva no combate ao consumo dessas substâncias. Esse pressuposto está errado na medida que a curva de demanda dos entorpecentes é inelástica, ou seja, variações de acessibilidade (ter que ir a uma "boca" para comprá-la ao invés de uma loja próxima e segura) e de preço (que aumenta pelos riscos de comercializar tais produtos num contexto de proibição) pouco afetam a quantidade da demanda. Tal fato científico pode inclusive ser confirmado popularmente na medida que nunca se ouve que alguém queria consumir drogas e não o fez "porque o seu comércio é proibido"; quem quer consumir o faz independente da presença de proibição ou não. O resultado é que os bem-intencionados conservadores (dos quais eu já fui um e usando os mesmos argumentos) acabam por defender uma guerra que gera pouquíssimos benefícios junto a grandes prejuízos, tudo isso enquanto ações mais efetivas na obtenção dos resultados visados acabam sendo ignoradas. Concluo notando que tal problema poderia ser evitado se tão somente houvesse ensino de economia nas escolas.


Tenham uma boa semana e até a próxima,

Momergil


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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Semanal: 01 a 07 de janeiro de 2023

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Olá a todos!

Como havia indicado na minha postagem de fim de ano, em 2023 pretendo fazer uma publicação semanal com algumas das minhas principais leituras da semana anterior. Para evitar que meus demais afazeres novamente me levem a uma pausa nas publicações, procurarei fazer comentários mais curtos (um desafio para mim!).

Então segue as publicações dessa primeira semana que me chamaram maior atenção.

Assuntos diversos


Sob recomendação de um amigo, conheci o site SixDay Science de Sarah Salviander, Ph.D. Nele, uma cientista ex-atéia convertida à fé cristã comenta sobre a relação entre fé e ciência, sua jornada a Cristo e algumas temáticas típicas da apologética cristã. Destaco aqui o FAQ, que contém alguns bons comentários e respostas a algumas críticas comuns de descrentes ao Cristianismo, e uma apresentação de slides onde ela propõe uma maneira de reconciliar a ciência moderna com o relato da criação de Gênesis 1 por meio da Teoria da Relatividade Geral de Einstein.

Uma boa entrevista mostrando alguns dos problemas que também vejo no mundo das criptomoedas e que me motivam a não ser um investidor nelas (inclusive pretendo escrever um artigo a respeito, porém o seu nível de prioridade é tão baixo para mim que é possível que elas entrem em colapso antes de eu terminar a primeira página!).


Política, economia e relacionados

Depois dos vários equívocos do governo Bolsonaro no que diz respeito ao negacionismo científico na área da Saúde, é plausível que o novo governo do PT irá explorar esses e outros erros para vantagem própria. Nisso estarão como que dizendo aos eleitores: "vejam que, votando em nós, vocês não terão aqueles problemas que viram quando deixaram outros governar". Assim, os erros do governo anterior não só serviram para a vitória do PT em 2022, mas poderão vir a facilitar uma reeleição deste em 2026. No final, talvez seja impossível mensurar a quantidade de danos causados por Bolsonaro somando-se tanto os problemas diretos quanto as consequências de médio e longo prazo (dizendo de outra forma: ao fazer um governo com tantos problemas, Bolsonaro pode ter prejudicado o Brasil para muito além de 4 anos ao dar munição política para o problemático Partido dos Trabalhadores).

A queda no Ibovespa não foi de graça: ainda que parte do eleitorado possa ter se esquecido do quão ruim o PT é para a nação (afinal, voltaram ao poder apesar de tudo), nem todos o fizeram. Para piorar, esse partido poderia ter aprendido com seus erros, mas as várias indicações políticas sem critérios técnicos (como Haddad para a Fazenda) mostra que provavelmente teremos a repetição de erros do passado.

Embora seja inclinado à facilitação do comércio e porte de armas, a maneira irresponsável como o governo Bolsonaro agiu nessa direção não condiz com qualquer plausibilidade, responsabilidade ou sabedoria (de fato, suas medidas foram tão irresponsáveis que estavam até ajudando o crime organizado). Assim, sua revogação é bem-vinda.

No aguardo pelos resultados. Noto que havia gente compartilhando supostos comprovantes de vacinação do ex-presidente que teriam sido obtidos pela quebra dos sigilos antes que esta tivesse ocorrido.

Embora seja uma ponderação a nível pessoal, Pondé acerta em suas críticas tanto ao PT quanto ao Bolsonaro e ao "movimento bolsonarista". Vale conferir para reflexão.

Com um presidente inundado em evidências de crime de corrupção e afins, não é para ser surpresa que este partido teria a indecência de escolher ministros com a "fixa suja".

Embora o vínculo seja bem menor, é de se aguardar se a esquerda que tanto criticava a relação da família Bolsonaro com milicianos (que são criminosos) também irá se posicionar contra a posse dessa ministra. O fato mais relevante aqui, todavia, é a relação política desenvolvida entre o União Brasil, praticamente o antigo partido de Bolsonaro e que disputou a recente eleição com a candidata Soraya criticando o governo petista. A conclusão inquestionável a que se chega é que tal associação revela aquilo que a própria entrada do ex-presidente na sigla quando ainda era o PSL já sugeria: que tal partido não possui compromisso algum com as pautas e críticas formalmente apresentadas, antes agindo apenas em busca do poder. Assim sendo, sugiro que ninguém deveria desperdiçar voto nesta visível sigla de "propostas de fachada" em qualquer eleição futura salvo diante de algum caso segundo turno onde a alternativa consiga ser pior.

Diante da situação econômica de países como Argentina, é de se questionar se tal moeda única não acabaria por ser prejudicial ao Brasil fazendo-o carregar os erros econômicos de países vizinhos em suas costas.

Se por um lado as atitudes da família Bolsonaro e próximos perante a China foram em muito lamentáveis, é notório que este país está sob governo ditatorial que viola direitos humanos. Dada sua importância econômica para o Brasil, o gigante asiático impõe o grande dilema sobre como lidar com um país cujos atos governamentais são frequentemente dignos de repreensão pública enquanto uma fragilidade nas relações implicaria problemas para os cidadãos que nada possuem culpa do que está sendo feito de errado em outra nação. Isso dito, tendo em vista o quanto o PT ignora as imoralidades perpetradas por outros governos quando são politicamente alinhados (Cuba, Venezuela, Nicarágua e afins), mesmo quando estes são muitíssimo menos relevantes para o Brasil do que a China, é de se esperar que, mais uma vez, este partido irá mostrar que o seu discurso pró-democracia e direitos humanos está mais para uma fachada angariadora de votos do que uma preocupação real.

Considerando a própria resposta do ex-prefeito, nota-se que tal convite sequer deveria ter sido feito. Mais uma vez o PT mostra que o bem-estar da nação não é sua prioridade, algo que revela na medida que escolhe pessoas sem maiores competências para executar cargos onde, naturalmente, competência influenciará nos resultados.

Finalizo com esta infelicidade protocolada por um ex-representante do partido Novo na Câmara. Tal projeto de lei pega um princípio que por vezes é verdadeiro e falha ao tentar aplicá-lo em profissões com particularidades que embasam a realidade das universidades e seus diplomas. Exemplifico com duas áreas profissionais com as quais tenho familiaridade, programação e engenharia. No primeiro caso, temos uma área de trabalho que chega a beirar o absurdo sugerir que é necessário faculdade e diploma para ser exercida adequadamente: programação pode ser aprendida via livros e Internet onde não faltam conteúdos educativos sobre o tema. Já a prática em exercício e profissional pode ser feita em quase qualquer computador por meio de ferramentas gratuitas tanto simples (como Notepad++) quanto avançadas (como Qt). Do outro lado, embora a engenharia possua algumas matérias mais teóricas (como cálculo diferencial) que também podem ser aprendidas por conta própria, ela é em muito uma disciplina prática envolvendo contato com programas e aparelhos não disponíveis a todos, motivo porque é comum as aulas em laboratórios com equipamentos caros e que demandam espaço (numa das cadeiras da faculdade, fizemos prática de processo fabril num laboratório com equipamentos que teriam vindo de Israel por mais de 1 milhão de reais). Mesmo quando se trata de software, como na disciplina CAD onde se modela componentes, estes tendem a ser inacessíveis ao "estudante de YouTube" (uma licença de SolidWorks custa mais de 4 mil dólares). Ou seja, a menos que o ex-deputado esteja sugerindo que o aprendizado de assuntos práticos sem prática é tão efetivo com aquele com ela, não é plausível supor que seja possível se tornar um bom engenheiro, apto ao mercado de trabalho, sem a estrutura que uma faculdade oferece. Por fim, o diploma é também um sinal econômico de capacidade do profissional além do conhecimento que possui. Na ausência deste, o mercado teria que desenvolver seus próprios meios para conferir a qualidade de seus candidatos. Novamente enquanto há profissões que uma simples prova pode ser suficiente (numa busca por emprego, fiz uma prova de programação de 10 questões suficientes para atestar que entendia da matéria), o mesmo não ocorre com outras. E se por um lado uma empresa do porte de uma Petrobrás pode montar um sistema de prova com várias questões para atestar os conhecimentos de engenharia de um candidato, o mesmo poderia ser problemático para a microempresa que recém abriu as portas. Por fim, problemas similares podem ser esperados de outras profissões incluídas no projeto como a advocacia: sem um diploma, é difícil de imaginar que um cliente pessoa física conseguiria eficazmente selecionar se um autoproclamado advogado seria mesmo capaz a defender a sua causa na Justiça. Assim, minha conclusão é que o ex-deputado Tiago protagonizou mais um caso do provérbio que diz que "para todo problema complexo, há uma solução simples e errada". Aparentemente ele pegou um princípio genérico ensinado no "liberalismo de WhatsApp" e, ignorando um dos conhecimentos mais basilares da ciência econômica - a de que a economia e os mercados são complexos -, saiu aplicando-o a todas as profissões que se recordava sem ter se dado ao trabalho de conhecer as nuanças e particularidades de cada uma. Felizmente as chances desse provérbio passar na Câmara parecem pequenas.


Tenham uma boa semana e até a próxima,

Momergil


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