segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Semanal: 01 a 07 de janeiro de 2023

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Olá a todos!

Como havia indicado na minha postagem de fim de ano, em 2023 pretendo fazer uma publicação semanal com algumas das minhas principais leituras da semana anterior. Para evitar que meus demais afazeres novamente me levem a uma pausa nas publicações, procurarei fazer comentários mais curtos (um desafio para mim!).

Então segue as publicações dessa primeira semana que me chamaram maior atenção.

Assuntos diversos


Sob recomendação de um amigo, conheci o site SixDay Science de Sarah Salviander, Ph.D. Nele, uma cientista ex-atéia convertida à fé cristã comenta sobre a relação entre fé e ciência, sua jornada a Cristo e algumas temáticas típicas da apologética cristã. Destaco aqui o FAQ, que contém alguns bons comentários e respostas a algumas críticas comuns de descrentes ao Cristianismo, e uma apresentação de slides onde ela propõe uma maneira de reconciliar a ciência moderna com o relato da criação de Gênesis 1 por meio da Teoria da Relatividade Geral de Einstein.

Uma boa entrevista mostrando alguns dos problemas que também vejo no mundo das criptomoedas e que me motivam a não ser um investidor nelas (inclusive pretendo escrever um artigo a respeito, porém o seu nível de prioridade é tão baixo para mim que é possível que elas entrem em colapso antes de eu terminar a primeira página!).


Política, economia e relacionados

Depois dos vários equívocos do governo Bolsonaro no que diz respeito ao negacionismo científico na área da Saúde, é plausível que o novo governo do PT irá explorar esses e outros erros para vantagem própria. Nisso estarão como que dizendo aos eleitores: "vejam que, votando em nós, vocês não terão aqueles problemas que viram quando deixaram outros governar". Assim, os erros do governo anterior não só serviram para a vitória do PT em 2022, mas poderão vir a facilitar uma reeleição deste em 2026. No final, talvez seja impossível mensurar a quantidade de danos causados por Bolsonaro somando-se tanto os problemas diretos quanto as consequências de médio e longo prazo (dizendo de outra forma: ao fazer um governo com tantos problemas, Bolsonaro pode ter prejudicado o Brasil para muito além de 4 anos ao dar munição política para o problemático Partido dos Trabalhadores).

A queda no Ibovespa não foi de graça: ainda que parte do eleitorado possa ter se esquecido do quão ruim o PT é para a nação (afinal, voltaram ao poder apesar de tudo), nem todos o fizeram. Para piorar, esse partido poderia ter aprendido com seus erros, mas as várias indicações políticas sem critérios técnicos (como Haddad para a Fazenda) mostra que provavelmente teremos a repetição de erros do passado.

Embora seja inclinado à facilitação do comércio e porte de armas, a maneira irresponsável como o governo Bolsonaro agiu nessa direção não condiz com qualquer plausibilidade, responsabilidade ou sabedoria (de fato, suas medidas foram tão irresponsáveis que estavam até ajudando o crime organizado). Assim, sua revogação é bem-vinda.

No aguardo pelos resultados. Noto que havia gente compartilhando supostos comprovantes de vacinação do ex-presidente que teriam sido obtidos pela quebra dos sigilos antes que esta tivesse ocorrido.

Embora seja uma ponderação a nível pessoal, Pondé acerta em suas críticas tanto ao PT quanto ao Bolsonaro e ao "movimento bolsonarista". Vale conferir para reflexão.

Com um presidente inundado em evidências de crime de corrupção e afins, não é para ser surpresa que este partido teria a indecência de escolher ministros com a "fixa suja".

Embora o vínculo seja bem menor, é de se aguardar se a esquerda que tanto criticava a relação da família Bolsonaro com milicianos (que são criminosos) também irá se posicionar contra a posse dessa ministra. O fato mais relevante aqui, todavia, é a relação política desenvolvida entre o União Brasil, praticamente o antigo partido de Bolsonaro e que disputou a recente eleição com a candidata Soraya criticando o governo petista. A conclusão inquestionável a que se chega é que tal associação revela aquilo que a própria entrada do ex-presidente na sigla quando ainda era o PSL já sugeria: que tal partido não possui compromisso algum com as pautas e críticas formalmente apresentadas, antes agindo apenas em busca do poder. Assim sendo, sugiro que ninguém deveria desperdiçar voto nesta visível sigla de "propostas de fachada" em qualquer eleição futura salvo diante de algum caso segundo turno onde a alternativa consiga ser pior.

Diante da situação econômica de países como Argentina, é de se questionar se tal moeda única não acabaria por ser prejudicial ao Brasil fazendo-o carregar os erros econômicos de países vizinhos em suas costas.

Se por um lado as atitudes da família Bolsonaro e próximos perante a China foram em muito lamentáveis, é notório que este país está sob governo ditatorial que viola direitos humanos. Dada sua importância econômica para o Brasil, o gigante asiático impõe o grande dilema sobre como lidar com um país cujos atos governamentais são frequentemente dignos de repreensão pública enquanto uma fragilidade nas relações implicaria problemas para os cidadãos que nada possuem culpa do que está sendo feito de errado em outra nação. Isso dito, tendo em vista o quanto o PT ignora as imoralidades perpetradas por outros governos quando são politicamente alinhados (Cuba, Venezuela, Nicarágua e afins), mesmo quando estes são muitíssimo menos relevantes para o Brasil do que a China, é de se esperar que, mais uma vez, este partido irá mostrar que o seu discurso pró-democracia e direitos humanos está mais para uma fachada angariadora de votos do que uma preocupação real.

Considerando a própria resposta do ex-prefeito, nota-se que tal convite sequer deveria ter sido feito. Mais uma vez o PT mostra que o bem-estar da nação não é sua prioridade, algo que revela na medida que escolhe pessoas sem maiores competências para executar cargos onde, naturalmente, competência influenciará nos resultados.

Finalizo com esta infelicidade protocolada por um ex-representante do partido Novo na Câmara. Tal projeto de lei pega um princípio que por vezes é verdadeiro e falha ao tentar aplicá-lo em profissões com particularidades que embasam a realidade das universidades e seus diplomas. Exemplifico com duas áreas profissionais com as quais tenho familiaridade, programação e engenharia. No primeiro caso, temos uma área de trabalho que chega a beirar o absurdo sugerir que é necessário faculdade e diploma para ser exercida adequadamente: programação pode ser aprendida via livros e Internet onde não faltam conteúdos educativos sobre o tema. Já a prática em exercício e profissional pode ser feita em quase qualquer computador por meio de ferramentas gratuitas tanto simples (como Notepad++) quanto avançadas (como Qt). Do outro lado, embora a engenharia possua algumas matérias mais teóricas (como cálculo diferencial) que também podem ser aprendidas por conta própria, ela é em muito uma disciplina prática envolvendo contato com programas e aparelhos não disponíveis a todos, motivo porque é comum as aulas em laboratórios com equipamentos caros e que demandam espaço (numa das cadeiras da faculdade, fizemos prática de processo fabril num laboratório com equipamentos que teriam vindo de Israel por mais de 1 milhão de reais). Mesmo quando se trata de software, como na disciplina CAD onde se modela componentes, estes tendem a ser inacessíveis ao "estudante de YouTube" (uma licença de SolidWorks custa mais de 4 mil dólares). Ou seja, a menos que o ex-deputado esteja sugerindo que o aprendizado de assuntos práticos sem prática é tão efetivo com aquele com ela, não é plausível supor que seja possível se tornar um bom engenheiro, apto ao mercado de trabalho, sem a estrutura que uma faculdade oferece. Por fim, o diploma é também um sinal econômico de capacidade do profissional além do conhecimento que possui. Na ausência deste, o mercado teria que desenvolver seus próprios meios para conferir a qualidade de seus candidatos. Novamente enquanto há profissões que uma simples prova pode ser suficiente (numa busca por emprego, fiz uma prova de programação de 10 questões suficientes para atestar que entendia da matéria), o mesmo não ocorre com outras. E se por um lado uma empresa do porte de uma Petrobrás pode montar um sistema de prova com várias questões para atestar os conhecimentos de engenharia de um candidato, o mesmo poderia ser problemático para a microempresa que recém abriu as portas. Por fim, problemas similares podem ser esperados de outras profissões incluídas no projeto como a advocacia: sem um diploma, é difícil de imaginar que um cliente pessoa física conseguiria eficazmente selecionar se um autoproclamado advogado seria mesmo capaz a defender a sua causa na Justiça. Assim, minha conclusão é que o ex-deputado Tiago protagonizou mais um caso do provérbio que diz que "para todo problema complexo, há uma solução simples e errada". Aparentemente ele pegou um princípio genérico ensinado no "liberalismo de WhatsApp" e, ignorando um dos conhecimentos mais basilares da ciência econômica - a de que a economia e os mercados são complexos -, saiu aplicando-o a todas as profissões que se recordava sem ter se dado ao trabalho de conhecer as nuanças e particularidades de cada uma. Felizmente as chances desse provérbio passar na Câmara parecem pequenas.


Tenham uma boa semana e até a próxima,

Momergil


(Se gostou, não se esqueça de compartilhar!)

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